EDN Fecal versus Testes de IgG Alimentares

O diagnóstico das alergias alimentares não-IgE mediadas é um desafio clínico. Muitos pacientes apresentam sintomas gastrointestinais crônicos, dermatológicos ou sistêmicos que não são explicados pelos testes tradicionais de IgE. Nesse cenário, surgiram os chamados testes de IgG alimentares, amplamente comercializados como solução diagnóstica. No entanto, essas metodologias são fortemente criticadas pelas sociedades médicas por carecerem de validade científica.

Por outro lado, a EDN Fecal (Eosinophil-Derived Neurotoxin) emerge como um biomarcador funcional confiável, oferecendo uma alternativa baseada em mecanismos fisiopatológicos claros.

Testes de IgG Alimentares: Por que Não Funcionam?

• Medem anticorpos IgG séricos contra alimentos.

• A presença de IgG indica exposição prévia e tolerância imunológica, e não intolerância ou alergia.

• Diversas entidades científicas contraindicam seu uso, incluindo:

  • EAACI (European Academy of Allergy and Clinical Immunology).

  • AAAAI (American Academy of Allergy, Asthma & Immunology).

  • ASBAI (Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia).

• Podem levar a dietas de exclusão desnecessárias, com risco de deficiências nutricionais e piora da qualidade de vida.

EDN Fecal: Evidência Científica e Aplicação Clínica

A EDN é uma proteína inflamatória liberada por eosinófilos ativados no trato gastrointestinal. Sua dosagem fecal permite identificar inflamação intestinal eosinofílica, característica das alergias alimentares não-IgE mediadas.

Aplicações Clínicas da EDN Fecal

• Proctocolite alérgica.

• Enterocolite induzida por proteínas alimentares (FPIES).

• Doença celíaca e enteropatias associadas.

• Monitoramento de inflamação intestinal em dietas de exclusão e reintrodução.

EDN Fecal x IgG Alimentares: Comparação Direta

Aspecto	Testes IgG Alimentares ❌	EDN Fecal ✅
Base fisiopatológica	Não estabelecida	Ativação eosinofílica intestinal comprovada
Validade científica	Ausente, criticado por sociedades médicas	Apoiado por literatura internacional
Utilidade clínica	Nenhuma	Diagnóstico funcional e monitoramento
Risco de uso inadequado	Dietas restritivas sem necessidade	Personalização terapêutica baseada em biomarcador

Conclusão

Enquanto os testes de IgG alimentares são rejeitados pela comunidade científica, a EDN Fecal se consolida como uma ferramenta clínica robusta e validada. Sua utilização garante diagnósticos mais precisos e condutas alinhadas à medicina baseada em evidências, representando um verdadeiro avanço no cuidado de pacientes com alergias alimentares não-IgE mediadas.

Referências

1. Stapel SO, et al. Testing for IgG4 against foods is not recommended as a diagnostic tool: EAACI Task Force Report. Allergy. 2008;63(7):793–796.

2. Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Posicionamento oficial sobre testes de intolerância alimentar por IgG. 2018.

3. Sicherer SH, Sampson HA. Food allergy: Epidemiology, pathogenesis, diagnosis, prevention, and management. J Allergy Clin Immunol. 2018;141(1):41–58.

4. Foroughi S, Foster B, Kim N, et al. Anti-IgE treatment of eosinophil-associated gastrointestinal disorders. J Allergy Clin Immunol. 2007;120(3):594–601.

5. Cianferoni A, Spergel JM. Eosinophilic gastrointestinal diseases update. Allergy Asthma Immunol Res. 2015;7(3):191–204.