Eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal (HPA)
- André Virtos
- Feb 19, 2024
- 3 min read

O eixo HPA, um sistema neuroendócrino crucial, integra o hipotálamo, a glândula pituitária (hipófise) e as glândulas suprarrenais para mediar a resposta ao estresse e a homeostase geral do organismo. Este artigo oferece uma análise aprofundada e atualizada do eixo HPA.
Estrutura e Função:
Hipotálamo: O centro de comando do eixo HPA, secretando o hormônio liberador de corticotropina (CRH) em resposta a diversos estressores.
Glândula pituitária: Responde ao CRH liberando o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH).
Glândulas suprarrenais: Produzem cortisol e aldosterona em resposta ao ACTH.
Mecanismo de Ação:
O CRH liga-se aos receptores da pituitária, estimulando a secreção de ACTH.
O ACTH liga-se aos receptores nas glândulas suprarrenais, levando à produção de cortisol e aldosterona.
O cortisol atua em diversos órgãos e sistemas, modulando a resposta ao estresse, a inflamação e o metabolismo.
A aldosterona regula o equilíbrio de eletrólitos e a pressão arterial.
Regulação do Eixo HPA:
O eixo HPA é regulado por um circuito de feedback negativo, com o cortisol atuando no hipotálamo e na pituitária para inibir a secreção de CRH e ACTH.
Outros fatores, como ritmo circadiano, sono e fatores psicológicos, também influenciam a atividade do eixo HPA.
Implicações Clínicas:
Alterações na função do eixo HPA estão associadas a diversos transtornos, como:
Depressão: Aumento da atividade do eixo HPA e hipercortisolismo.
Ansiedade: Aumento da resposta ao estresse e hiperatividade do eixo HPA.
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): Disfunção do eixo HPA, com hiper ou hipoatividade.
Doença de Cushing: Excesso de cortisol devido a um tumor ou adenoma.
Doença de Addison: Insuficiência adrenal, com baixos níveis de cortisol e aldosterona.
Aumento da Carga Alostática: Representa o custo cumulativo das adaptações do organismo a estressores físicos, emocionais e ambientais. Em outras palavras, é a quantidade de energia necessária para o corpo manter o equilíbrio em face de diversos desafios. Quando essa carga se torna cronicamente elevada, pode levar a uma série de problemas de saúde, como distúrbios cardiovasculares, metabólicos e psicológicos.
Biomarcadores de Disfunção do Eixo HPA
Cortisol:
Níveis elevados de cortisol no sangue ou na saliva podem indicar hiperatividade do eixo HPA, enquanto níveis baixos podem indicar hipoatividade.
Proporção DHEA/Cortisol:
Essa proporção é um indicador da atividade do eixo HPA e da resposta ao estresse. Uma relação mais equilibrada entre DHEA e cortisol pode indicar uma resposta adaptativa ao estresse, enquanto um desequilíbrio pode sugerir disfunção no eixo HPA.
A ideia por trás da avaliação da relação DHEA:Cortisol é que, em situações normais, o aumento do cortisol em resposta ao estresse é acompanhado por um aumento proporcional da DHEA para ajudar a modular os efeitos do cortisol no corpo. No entanto, em situações crônicas de estresse ou disfunção do eixo HPA, essa relação pode se tornar desequilibrada.
DHEA-S:
O sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEA-S) é um precursor do cortisol e da aldosterona, e seus níveis podem ser alterados em caso de disfunção do eixo HPA.
Melatonina:
A melatonina atua em receptores específicos no hipotálamo e na pituitária, inibindo a secreção de CRH e ACTH, assim regulando o ritmo circadiano de forma sinérgica com o cortisol, com níveis mais altos à noite e mais baixos durante o dia. Além disso, há propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem proteger o eixo HPA do estresse crônico.
Avanços Recentes:
Estudos exploram a influência do eixo HPA em:
Epigenética:
Alterações na expressão gênica relacionadas ao estresse e à resposta ao trauma. O eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e a epigenética representam sistemas interligados que exercem papéis cruciais na regulação da expressão gênica e na adaptação ao estresse. A interação bidirecional entre esses sistemas molda a resposta ao estresse, a saúde mental e a suscetibilidade a doenças.
Microbioma intestinal:
O eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e o microbioma intestinal são sistemas complexos que interagem de maneira bidirecional para influenciar a saúde física e mental. Essa interação, conhecida como eixo HPA-microbioma intestinal, tem sido objeto de pesquisas crescentes, revelando seu papel crucial na resposta ao estresse, na regulação das emoções e no desenvolvimento de doenças.
Sugestão de Leitura: Relação Eixo Microbiota - Intestino - Cérebro na Depressão em Jovens
Considerações Finais
O eixo HPA é um sistema complexo e crucial para a saúde física e mental. A compreensão abrangente de sua estrutura, função, regulação e implicações clínicas é fundamental para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para diversos transtornos.
Commentaires