Estroboloma e Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
- André Virtos
- Sep 22
- 2 min read
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição multifatorial marcada por desequilíbrios hormonais, inflamação crônica de baixo grau e alterações metabólicas. Nos últimos anos, estudos têm destacado o papel da microbiota intestinal — especialmente do estroboloma — na fisiopatologia da doença.
Estroboloma e Hiperestrogenismo na SOP
O estroboloma, por meio da enzima β-glucuronidase, regula a recirculação dos estrógenos no organismo.
Atividade aumentada da β-glucuronidase → maior reabsorção de estrógenos, contribuindo para estados de hiperestrogenismo relativo, que se somam ao hiperandrogenismo clássico da SOP.
Esse desequilíbrio hormonal favorece irregularidades menstruais, anovulação crônica e infertilidade.
Disbiose Intestinal e Desequilíbrios Metabólicos
Mulheres com SOP apresentam frequentemente disbiose intestinal, caracterizada por:
Redução da diversidade bacteriana.
Aumento da permeabilidade intestinal (leaky gut).
Maior ativação inflamatória sistêmica.
Esses fatores estão diretamente associados à resistência insulínica, obesidade central e risco aumentado de síndrome metabólica.
Estroboloma como Alvo Terapêutico na SOP
A avaliação laboratorial da β-glucuronidase fecal por meio do CoproOne® Estroboloma fornece dados objetivos sobre o impacto da microbiota no metabolismo estrogênico. Esses resultados podem direcionar condutas como:
Modulação da microbiota intestinal com dieta rica em fibras, prebióticos e probióticos.
Fitoterapia (ex.: Cimicifuga racemosa, Vitex agnus-castus) para regulação hormonal.
Suplementação funcional (magnésio, vitamina D, mio-inositol) visando melhora da resistência insulínica e do perfil reprodutivo.
Estratégias anti-inflamatórias para controle da disbiose e do hiperestrogenismo relativo.
Conclusão
O estroboloma é um elo essencial na conexão entre microbiota intestinal, metabolismo dos estrógenos e desequilíbrios metabólicos presentes na SOP. Sua avaliação amplia as possibilidades diagnósticas e abre caminho para intervenções integrativas mais eficazes na saúde da mulher.
Referências
Baker JM, Al-Nakkash L, Herbst-Kralovetz MM. Estrogen–gut microbiome axis: Physiological and clinical implications. Maturitas. 2017;103:45–53.
Torres PJ, Siakowska M, Banaszewska B, et al. Gut microbial diversity in women with polycystic ovary syndrome correlates with hyperandrogenism. J Clin Endocrinol Metab. 2018;103(4):1502–1511.
Lindheim L, Bashir M, Munzker J, et al. Alterations in gut microbiome composition and barrier function are associated with reproductive and metabolic defects in women with PCOS. J Clin Endocrinol Metab. 2017;102(6):2362–2372.
Plottel CS, Blaser MJ. Microbiome and malignancy. Cell Host Microbe. 2011;10(4):324–335.




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