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Neuroinflamação: o papel da Quinurenina, do Triptofano e da IDO na saúde cerebral

A neuroinflamação é um estado de ativação imune no sistema nervoso central que modifica a função cerebral de maneira profunda — alterando humor, cognição, motivação, sono, sensibilidade à dor e energia mental.

O eixo bioquímico mais importante nesse processo é o metabolismo do triptofano, regulado pela enzima IDO (indoleamina-2,3-dioxigenase), que transforma esse aminoácido essencial em quinurenina.

Esse desvio metabólico é um dos mecanismos mais bem estabelecidos na literatura atual sobre depressão inflamatória, ansiedade resistente, fadiga crônica e alterações do eixo intestino–cérebro.

DBS Neuroinflamação

Triptofano: o ponto de partida entre humor e inflamação

O triptofano é um aminoácido que segue duas rotas principais:

  1. Via serotoninérgica → gera serotonina e melatonina, modulando humor, sono, saciedade e estabilidade emocional.

  2. Via da quinurenina → modulada pela IDO, gera metabólitos associados à inflamação e à neurotoxicidade.

Em condições físicas e psicológicas estáveis, há um equilíbrio entre essas vias. Mas sob estresse crônico, inflamação sistêmica ou disbiose, esse equilíbrio se rompe.


IDO: a enzima que define o destino do triptofano

A enzima IDO é ativada por:

  • citocinas inflamatórias (IL-6, TNF-α, IFN-γ),

  • estresse crônico e hiperativação do eixo HPA,

  • alterações da microbiota intestinal,

  • infecções prévias,

  • resistência insulínica,

  • privação de sono,

  • impacto emocional contínuo.

Quando a IDO aumenta sua atividade, ela desvia o triptofano da síntese de serotonina e o direciona para a formação de quinurenina. Esse desvio é um eixo central da neuroinflamação moderna.


Quinurenina: o biomarcador principal da neuroinflamação funcional

A quinurenina é, hoje, um dos marcadores laboratoriais mais relevantes para avaliar a dimensão metabólica da neuroinflamação.

Quando seus níveis aumentam, observamos:

  • menor disponibilidade de triptofano para serotonina → favorecendo ansiedade, humor variável, insônia e irritabilidade;

  • formação de metabólitos neurotóxicos que alteram a excitabilidade neuronal;

  • sensação de fadiga mental e esgotamento, mesmo com descanso;

  • dificuldade de concentração e queda da função executiva;

  • maior vulnerabilidade a sintomas depressivos, especialmente os que respondem mal a antidepressivos convencionais;

  • alterações no eixo intestino–cérebro, já que parte da quinurenina é produzida no enterócito e modulada pela microbiota.

A quinurenina é o retrato bioquímico do impacto da inflamação sobre o cérebro.


Como o DBS® Neuroinflamação utiliza esse eixo metabólico

O DBS® Neuroinflamação foi desenvolvido justamente para avaliar esse desvio metabólico provocado pela ativação da IDO. Ao quantificar Triptofano, Quinurenina e a atividade da IDO, o exame permite identificar de forma objetiva se o organismo está direcionando o triptofano para a via inflamatória em vez da via serotoninérgica.


Triptofano

É o ponto de partida da rota. Níveis reduzidos podem indicar maior consumo do aminoácido pela via inflamatória e/ou insuficiência sistêmica, reduzindo o substrato disponível para a síntese de serotonina e melatonina.


Quinurenina

É o produto direto da ação da IDO. Elevações refletem aumento da atividade inflamatória e do desvio do triptofano, sendo um dos marcadores bioquímicos mais sensíveis da neuroinflamação funcional.


IDO

Representa a intensidade da conversão do triptofano em quinurenina. Quando sua atividade está aumentada, significa que o organismo está interpretando sinais inflamatórios ou estressores de forma persistente, realocando o metabolismo para uma rota de defesa, às custas da via serotoninérgica.


O valor clínico dessa leitura integrada

A força do DBS® Neuroinflamação está na análise conjunta. O padrão formado pelos três biomarcadores permite ao profissional:

  • detectar neuroinflamação de baixo grau, mesmo quando marcadores sanguíneos tradicionais estão normais;

  • entender por que pacientes apresentam sintomas como fadiga mental, humor oscilante, queda de clareza cognitiva ou insônia, mesmo sem “inflamação aparente”;

  • identificar depressão inflamatória ou ansiedade resistentente, associadas ao desvio da via serotoninérgica;

  • monitorar intervenções que modulam o eixo intestino–cérebro, reduzem a atividade da IDO ou melhoram a disponibilidade de triptofano.

É uma forma de enxergar o que o paciente sente, mas que muitas vezes não aparece em exames convencionais.


Por que Triptofano, Quinurenina e IDO explicam tanto sobre o cérebro em estresse?

A relação entre esses três marcadores descreve um fenômeno central da neuroinflamação:

  • menos triptofano disponível para serotonina → pior regulação emocional;

  • mais quinurenina → maior vulnerabilidade a fadiga mental e irritabilidade;

  • IDO elevada → maior influência de citocinas inflamatórias e estresse crônico;

Em conjunto, esses biomarcadores revelam um cérebro tentando se proteger, mas pagando o preço na forma de alteração do humor, motivação, foco e energia.


Conexão com DBS® Estresse Oxidativo: quando a via da quinurenina encontra o estresse oxidativo

Embora não faça parte do DBS® Neuroinflamação, é comum que o profissional integre seus achados ao DBS® Estresse Oxidativo quando deseja uma leitura mais ampla.

Isso porque:

  • a ativação da IDO aumenta demanda metabólica,

  • o desvio do triptofano favorece processos inflamatórios,

  • e a inflamação tende a coexistir com maior estresse oxidativo.

Assim, os dois painéis — quando avaliados juntos — oferecem um panorama completo: como o cérebro está lidando com o estresse e como a célula está lidando com o dano metabólico.

Mas essa ligação é complementar. O DBS® Neuroinflamação, por si só, já representa uma das ferramentas mais sensíveis para identificar impacto do estresse crônico no metabolismo cerebral.


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É um instrumento de raciocínio clínico, que conecta cada resultado laboratorial à prática funcional e à tomada de decisão no consultório.


Referências

  1. LABRX®. Manual do Prescritor – LabRx®. 1. ed. São Paulo: LabRx Medicina Laboratorial Funcional, 2025.

  2. VIRTOS, André; SUGIYAMA, Mitiko; VIRTOS, Odair. Relação Eixo Intestino–Cérebro na Depressão & Biomarcadores. São Paulo: LabRx®, 2025.

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  4. CERVENKA, I.; AGUDELO, L. Z.; RUAS, J. L. Kynurenines: tryptophan’s metabolites in exercise, inflammation, and mental health. Science, v. 357, n. 6349, eaa-f9794, 2017.

  5. DANTZER, R. Role of the kynurenine metabolism pathway in inflammation-induced depression: preclinical approaches. Current Topics in Behavioral Neurosciences, v. 31, p. 117–138, 2017.

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  8. O'FARRELL, K.; HARKIN, A. Stress-related regulation of the kynurenine pathway: relevance to neuropsychiatric and degenerative disorders. Neuropharmacology, v. 112, p. 307–323, 2017.

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  10. PLATTEN, M. et al. Tryptophan metabolism as a common therapeutic target in cancer, neurodegeneration and beyond. Nature Reviews Drug Discovery, v. 18, p. 379–401, 2019.

  11. SAVITZ, J. The kynurenine pathway: a finger in every pie. Molecular Psychiatry, v. 25, p. 131–147, 2020.

  12. SCHWARCZ, R.; STONE, T. W. The kynurenine pathway and the brain: challenges, controversies and promises. Neuropharmacology, v. 112, p. 237–247, 2017.

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