Estroboloma e Endometriose
- André Virtos
- Sep 19
- 2 min read
A endometriose é uma condição inflamatória crônica, caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, fortemente influenciada por mecanismos hormonais, especialmente pelo estrogênio. Nesse contexto, o estroboloma — conjunto de bactérias intestinais com genes relacionados ao metabolismo estrogênico — desempenha papel crucial na modulação da doença.
O Papel da β-Glucuronidase
O estroboloma exerce sua principal função por meio da enzima β-glucuronidase, que desconjuga estrógenos excretados na bile e permite sua reabsorção no intestino.
Atividade aumentada da β-glucuronidase → promove recirculação excessiva de estrógenos, aumentando sua biodisponibilidade sistêmica.
Esse mecanismo contribui para a manutenção do hiperestrogenismo, que alimenta a progressão da endometriose, estimulando a proliferação e sobrevivência das lesões ectópicas.
Estroboloma, Inflamação e Endometriose
Além do impacto hormonal, o desequilíbrio do estroboloma está associado a:
Disbiose intestinal → alteração da diversidade bacteriana que amplifica a inflamação sistêmica.
Aumento da permeabilidade intestinal → passagem de lipopolissacarídeos (LPS) que intensificam a resposta inflamatória.
Ativação imune exacerbada → contribuindo para dor pélvica crônica e infertilidade.
Aplicações Clínicas
A interpretação da atividade da β-glucuronidase fecal, realizada pelo exame CoproOne® Estroboloma, permite:
Identificar desequilíbrios do metabolismo estrogênico associados à progressão da endometriose.
Direcionar estratégias terapêuticas integrativas, como:
Modulação da microbiota com fibras, probióticos e prebióticos.
Uso de fitoterápicos reguladores (ex.: Cimicifuga racemosa, Linum usitatissimum).
Intervenções nutricionais ricas em compostos indólicos (brássicas).
Estratégias anti-inflamatórias em medicina funcional.
Conclusão
O estroboloma é um fator determinante na fisiopatologia da endometriose, ao influenciar a biodisponibilidade estrogênica e a resposta inflamatória. Avaliar a β-glucuronidase oferece subsídios objetivos para compreender a progressão da doença e adotar condutas personalizadas, potencializando os resultados terapêuticos.
Referências
Baker JM, Al-Nakkash L, Herbst-Kralovetz MM. Estrogen–gut microbiome axis: Physiological and clinical implications. Maturitas. 2017;103:45–53.
Chadchan SB, Cheng M, Parnell LA, Yin Y, Schriefer A, Mysorekar IU, Kommagani R. Antibiotic therapy with metronidazole reduces endometriosis disease progression in mice: a potential role for gut microbiota. Hum Reprod. 2019;34(6):1106–1116.
Kwa M, Plottel CS, Blaser MJ, Adams S. The intestinal microbiome and estrogen receptor–positive female breast cancer. J Natl Cancer Inst. 2016;108(8).
Plottel CS, Blaser MJ. Microbiome and malignancy. Cell Host Microbe. 2011;10(4):324–335.




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