IgG Alimentares: Criticados pelas Sociedades Médicas
- André Virtos
- Sep 16
- 2 min read
Nos últimos anos, os chamados testes de intolerância alimentar por IgG têm sido amplamente divulgados como ferramenta diagnóstica para sintomas gastrointestinais, fadiga, enxaqueca e até problemas de pele. No entanto, a comunidade científica internacional alerta: esses testes não possuem validade clínica e podem levar a diagnósticos equivocados e dietas de exclusão desnecessárias.
O que São Testes de IgG Alimentares?
Os testes de IgG alimentares medem anticorpos IgG séricos contra diferentes proteínas alimentares. A interpretação equivocada é que a presença de IgG indicaria intolerância ou alergia alimentar. Na realidade, estudos demonstram que níveis de IgG representam apenas exposição prévia e tolerância imunológica, e não reação adversa.
O Que Dizem as Sociedades Médicas
Diversas entidades médicas internacionais emitiram pareceres oficiais contra o uso desses testes:
Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI): afirma que testes de IgG não devem ser usados para diagnóstico de alergias ou intolerâncias alimentares.
Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI): reforça que anticorpos IgG contra alimentos indicam contato e não patologia.
American Academy of Allergy, Asthma & Immunology (AAAAI): destaca que os testes de IgG carecem de evidências científicas e não têm utilidade clínica.
Canadian Society of Allergy and Clinical Immunology (CSACI): também contraindica seu uso, alertando para riscos de dietas restritivas sem necessidade.
Alternativas Cientificamente Validadas
Para condições clínicas como alergias alimentares não-IgE mediadas, já existem biomarcadores laboratoriais funcionais reconhecidos, como a EDN Fecal (Eosinophil-Derived Neurotoxin).
A EDN é uma proteína liberada por eosinófilos ativados no trato gastrointestinal.
Sua dosagem nas fezes reflete a inflamação intestinal eosinofílica, característica dessas reações.
Diferentemente dos testes IgG, a EDN Fecal possui fundamentação fisiopatológica, sendo útil no diagnóstico de condições como proctocolite alérgica, enterocolite induzida por proteínas alimentares (FPIES) e doença celíaca.
Conclusão
Os testes de IgG alimentares não têm respaldo científico e são rejeitados pelas principais sociedades médicas internacionais. Sua utilização pode induzir a erros diagnósticos e tratamentos inadequados.
Por outro lado, exames como a EDN Fecal representam um avanço real, permitindo a avaliação objetiva de alergias alimentares não-IgE mediadas. A prática clínica deve ser sempre guiada por evidências, garantindo diagnósticos precisos e condutas terapêuticas seguras.




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